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OPINIÃO: Mega Sena

É impressionante a visão da paciência dos apostadores em loterias ao arrostarem longas filas e tempo precioso para realizar suas apostas. Enfrentam com galhardia e cheios de esperança qualquer obstáculo que se anteponha ao sonho de ganharem um prêmio milionário. Essa é a situação de milhões de brasileiros que não vislumbram outra maneira de saírem da linha da pobreza e melhorar as condições de vida. É um sonho enganador! Em primeiro lugar por tratar-se de uma oportunidade em 50 milhões e depois, quando ganhadores, por não estarem preparados para administrar tais fortunas. Na grande maioria dos casos, esses recursos são perdidos para exploradores, dissipados por iniciativas fracassadas ou sonhos delirantes; criam perturbação por estresse e doenças psicossomáticas. São raros os casos de sucesso econômico, que motivam até reportagens em revistas e jornais.

Esta invenção do homem é uma das maneiras mais brutais de concentração de renda. Coleta tostões de uma multidão de necessitados, que tiram do pão e do abrigo, seu e de suas famílias, recursos que, ao longo dos anos, somam valores significativos. Jogam em um sonho!

É verdade que não são só os pobres que apostam. O jogo é um vício que escraviza, tanto quanto as drogas. A ilicitude não atemoriza os viciados que se expõem à repressão ao frequentarem ambientes proibidos de jogos de azar. Essa tem sido a causa de dissipação de grandes fortunas, dissolução de famílias e falência de empresas. Favorece, também, crimes financeiros, como a lavagem de dinheiro, praticada até por conhecido ex-deputado, anão do orçamento, que não titubeava em afirmar haver ganho, mais de 30 vezes, grandes prêmios...

Outro aspecto dessa servidão é a locupletação de quem administra essas loterias, geralmente bancos, que reservam parcela importante da arrecadação para engordarem os cofres públicos. Nesse terreno também já se levantaram suspeitas de fraudes escandalosas, quando apostas sorteadas surgem de última hora em lugares duvidosos.

O panorama brasileiro, nesse setor, é agravado pelo descompromisso vigente entre os marajás do funcionalismo público, detentores de salários e proventos atentatórios à moral em um país de milhões de desempregados e outros milhões de salário mínimo. A desesperança se instala quando até mesmo os responsáveis pela defesa da Constituição e das leis encontram meios de burlarem os limites ponderados pelo bom senso legal. Essa situação desacredita boas intenções de legisladores que, ao invés de acordarem decisões que beneficiem a coletividade, ficam disputando vantagens político partidárias, corporativistas e impatrióticas. A lentidão doentia da burocracia estatal emperra qualquer governo e não se vislumbra uma solução.

O Rio Grande do Sul, como sempre, vem dando exemplo de seriedade e vontade de superar as dificuldades, quando sua Assembleia Legislativa reúne maioria significativa de apoio governamental para a tomada de decisões necessárias para a saída da crise atual. A oposição é necessária num Estado democrático. O contraditório faz parte da tomada de decisão, mas a oposição sistemática, burra e cega, só interessa aos perturbadores da ordem, àqueles que se acreditam donos da verdade e dos destinos da nação.

Nos anos 1990 do século passado, quando conseguimos superar a inflação galopante que nos afligia, foi o cansaço da população e o esgotamento econômico, mais do que o Plano Real, o motivo do sucesso alcançado. Agora, da mesma forma, o desencanto da nação pelas fórmulas enganosas com que fomos dirigidos nos últimos anos está favorecendo mudanças substanciais na economia e reformas estruturais necessárias. Vamos acertar!!!

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